Trajetória

A VIAGEM

♦ Em 10 de julho de 1877, meus Bisavós Antônio Rizzo Ângela De Mari, com seus 04 filhos embarcaram no navio Columbia, partindo do Porto de Genova;

♦  Em 15 de agosto de 1877 chegam ao Espírito Santo, desembarcando no Porto de Vitória, com mais 278 camponeses norte-italianos;

♦ O navio Columbia gastou 35 dias de viagem entre Gênova e Vitória, e nesta viagem vieram camponeses do Vênetodo Friuli Venezia-Giulia e da Lombardia e os lugarejos e vilas eram: Cordignano, Caneva, Bonate, S. Fior, Tarzo, Seren, Revereto, Vittorio, Polcenigo, S. Benedetto, S. Nazario, Sarmede, Sacile, S. Lucia, Gajarine.

♦ Um mapa estatístico apresentou 46 casados, 9 viúvos e 177 solteiros, incluindo as 46 esposas para perfazerem o total de 278 pessoas.

 

O REGISTRO DA CHEGADA AO ESTADO

 A Agência de Colonização em Vitória registrou o fato, comunicando ao presidente da Província: 

Damos ciência a V. Exa. que no dia 14 do corrente às 2 horas da tarde fundeou fora da barra desta cidade o vapor italiano Columbia, que conduzia 55 famílias italianas, imigrantes com destino à Colônia de Santa Leopoldina.

Para poder dar desembarque aos imigrantes e suas bagagens, mandamos no dia 15 a nossa Sumaca Áurea(tipo de barco pequeno de fundo chato, utilizado em águas rasas e pequenos portos), ao lugar em que se achava fundeado o vapor Columbia, para receber os imigrantes e bagagens, o que se realizou sem novidade alguma, chegando a esta agência às 3 horas da tarde desse mesmo dia.

Aos imigrantes demos agasalho e sustento de conformidade com as ordens em vigor.

Oportunamente remeteremos a V. Exa. a relação nominal dos referidos imigrantes.

Deus guarde a V. Exa.

 

Relação dos 54 chefes de Família que vieram no Columbia:

Amadio Pietro, Bit Antonio, Bit Caterina, Bit Xatale, Bresciani Antônio, Bazzo Tiziano, Cao Dom Domenico, Cao Giovanni  Battista, Chiaradia Sebastiano, Cozzuol Liberale, Cozzuol Angelo, Dal Gobbo Gioacchino, D’Ambros Francesco, Dell’Antonia Giovanni, DelPuppo Teresa, Fantin Liberale, Fantin Matteo,  Fiorot Giovanni, Fullin Antonio, Furgeri Marco, Franco Giuseppe, De Lunardo  Antônio,  Levis  Francesco,  Marin  Cassiano, Moro Giovanni Maria, Moro G. Maria do Capo,  Mazzulo  Francesco,  Nardi  Vincenzo,  Nardi  Antônio,  Peruch  Giovanni Battista, Peruch Angelo,  Peruch Antonio, Pessot Antonio,  Peruch  Angelo Luigi, Pianca Luigi, Pignaton Basilio, Pizzinat  Giuseppe, Redivo  Natale, Rizzo Antonio,  Rosalen Andrea, Rui Andrea, Sagrillo Antonio, Scarpat Michele, Scarpat  Celestino,  Soneghet Giuseppe,  Spinazzé Sante, Spinazzé Natale, Susana Francesco, Venturini Giovanni Maria, Zandoná Giovanni Battista.

 

 

Famílias italianas que chegaram a bordo do Navio Vapor Colômbia em 15 de agosto de 1877, sendo 74 diferentes sobrenomes:

 AMADIO - BASSO - BAZZO - BIBANEL - BIGOLIN - BIT - BITTI - BRESCIANI - CAO - CAON - CASAGRANDE - CHIARODIA - CISANA - COSTA - CUZZUOL - D' AMBROS - DA DALT - DAL GOBBO - DALL'ANTONIA - DAMBOM - D'AMBROSINE - DE MARI - DE MATTIA - DE NARDI - DE POLI - DEL PIO LUOGO - DEL PUPPO - DELLA PASCOA - DUSIONI - FANTIN - FARAON - FIOROT - FIOROTTO - FOLLIN - FRANCO - FURGERI - GARBELLOTO - LEVIS - MANENTE - MARIN - MASULLO - MAZZON - MENEGAZZO - MODOLO - MORO - NARDI - PAZZIN - PERIN - PERUCH - PESSOT - PIANCA - PIGNATON - PIZZINAT - POLETTO - REDIVO - RIZZO - ROSOLEN - ROSSINI - RUI - SAGRILLO - SANTRET - SARZI - SCARPAT - SCOPEL - SONEGHET - SONEGO - SPINAZZÈ - SUSANA - TESSIANELLI - TONON - VENTURIN - VIGHIN - ZANCANARI e ZANDONÀ.

 

O DESTINO

 O jornal Espírito Santense, noticiou o embarque no vapor Presidente – Vitória x Sta. Cruz em 21/8/1877:

Os colonos ultimamente chegados a esta capital no vapor italiano Columbia embarcam hoje, às 8 horas da manhã no vapor Presidente, que tem de conduzi-los à Santa Cruz, onde vão se estabelecer.

Acompanha-os para dirigir o serviço de seu desembarque e estabelecimento naquele lugar o ativo e inteligente engenheiro doutor Cunha Pinto.

S. Exa. o senhor presidente da província, doutor Abreu Lima, foi a bordo do vapor assistir a este embarque examinando nessa ocasião a diária de alimentação fornecida aos colonos e achando-a convenientemente ordenada devido ao zelo do senhor comendador José Ribeiro Coelho, digno agente da colonização nesta cidade.

Por sua parte observou-se também grande contentamento entre os colonos que reconheciam as comodidades com que eram recebidos na terra para onde se imigraram.

Para esse resultado lisonjeiro foram por S. Exa. o senhor presidente da província tomadas todas as possíveis providências, entre as quais a de comissionar um médico habilitado para com uma pequena farmácia ambulante, acompanhar os colonos até a chegada de outro médico já nomeado pelo Governo Imperial.

 

♦ Após a escala em Vitória, meus Bisavós, seguiram para o Porto de Santa Cruz, chegando no dia 21 de agosto de 1877, às 16 horas, onde foram agasalhados em casas alugadas para tal finalidade.

♦ Dali, foram encaminhados à colônia homônima, que alguns anos depois foi batizada de “Núcleo Conde D’Eu”, formada pelos municípios de Ibiraçu, Aracruz, Fundão, João Neiva e Santa Tereza.

♦ A Família dos meus Bisas, e todas as outras Famílias que vieram no navio Vapor Colômbia foram as pioneiras na fundação desse núcleo colonial, que foi criado nesse mesmo ano.

♦ No dia 24 de agosto de 1877, um primeiro grupo, composto por 126 imigrantes, sob a responsabilidade do engenheiro Cristiano Boaventura da Cunha Pinto, foi transportado em canoas, subindo o rio Piraquê-Açu, para o lugar denominado Morro das Palmas, que pertencia ao finado Pietro Tabacchi, e o segundo grupo seguiu o mesmo percurso no dia 26, com a finalidade de alcançar os lotes agrícolas a eles destinados.

♦  O Morro das Palmas, ou Fazenda das Palmas, de propriedade de Pedro Tabachi, com a morte deste, ocorrida em 21 de junho de 1874, passou à viúva, Ana Fontoura Tabachi e ao genro Eduardo Gabriolli.

♦  O mesmo barracão que servira, três anos antes, à malograda colônia Nova Trento, serviu aos fundadores de Ibiraçu.

♦  O local histórico, hoje abandonado e desabitado, pertence a funcionários da Aracruz Florestal.

  

A OCUPAÇÃO E POSSE DAS TERRAS 

♦  A ocupação e posse das terras eram programadas dentro das possibilidades da época.

♦  Primeiro se fazia uma exploração na mata virgem; depois, chegava a comissão de engenheiros e agrimensores que procedia às medições dos prazos.

♦  Feita a primeira derrubada, o colono tinha 6 meses para construir sua casa e fazer as primeiras plantações.

♦  Os colonos não podiam comercializar ou dedicar a outras atividades, mas deviam cultivar a terra, arrancar dela o seu sustento e o lucro para efetuar o pagamento da dívida contraída.

 

PRIMEIROS NASCIMENTOS E PRIMEIROS ÓBITOS 

♦  Não se poderá escrever a história de cada Família de imigrante embora tivessem essas mesmas Famílias vidas e objetivos comuns.

♦ Existem, porém, alguns dados particulares que convém ressaltar, como os primeiros nascimentos e óbitos do núcleo, porque marcam as primeiras oscilações no novo grupo social e levantam problemas até o momento, sem resposta.

♦  Onde foram enterrados? Onde, para tantos mortos, existiu tal cemitério?

♦  O primeiro filho de imigrante a nascer no Morro das Palmas foi Leopoldo Scarpat, no dia 2 de setembro de 1877, filho de Celestino Scarpat de 37 anos e de Catarina de 33 anos, e tinha como irmãos, Stefano, Giuseppe e Maria de 9, 6 e 3 anos respectivamente.

♦ No dia 9 do mesmo mês nasceu Leopoldina Peruch, filha de Luigi Angelo Peruch, com 27 anos e de Tereza, com 25 anos.

♦ O padre Domenico Martinelli, vindo do núcleo do Timbuí, os batizou no dia 16/08/1877 e foram padrinhos do primeiro o doutor Guaraná e dona Doverlina Gabrielli.

♦ Foram padrinhos do segundo, o doutor Guaraná e a viúva de Pedro Tabachi, dona Ana Fontoura Tabachi.

♦ Até o final do ano de 1877 nasceram mais 18 crianças de que se tem registro, no mesmo núcleo.

♦ O primeiro a falecer foi o menino de 6 meses chamado Liberti Giovanni, no dia 6 de outubro de 1877, filho de Leonardo Liberti, recém-chegado no navio Izabella.

♦ O segundo foi Del Puppo Matteo de 45 anos, natural de Polcenigo na Itálía, que faleceu no dia 12 de outubro de 1877 e deixou a viúva Tereza Del Puppo e os filhos Osvaldo, Giacomo e Marco.

♦ O senhor Dell Puppo Matteo chegara no Columbia e pode ser considerado a primeira vítima dentre os pioneiros fundadores de Ibiraçu.

♦ Até o final daquele mesmo ano morreram 40 imigrantes dentre os quais 33 crianças menores de 8 anos e 7 adultos.

♦  Estas listas altamente significativas para a história do atual município, foram registradas em um livro que tem a abertura do senhor Francisco Leite de Freitas Guimarães, auxiliar da Diretoria da mesma colônia, com os seguintes dizeres: “Servirá este livro para assentamento de Nascimento e Óbitos dos colonos deste Núcleo Colonial, atualmente sob a administração da Colônia Santa Leopoldina. Cachoeiro de Barro Núcleo Colonial de Santa Cruz 1º de setembro de 1877.”

♦ Tal livro, bastante danificado, se encontra, atualmente, preservado no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo.

 

A EPIDEMIA

♦ Uma grande tragédia se verificou com os imigrantes, logo nos primeiros meses, por conta da epidemia da febre amarela, que assolou a colônia.

♦ De acordo com o pesquisador Luiz Busatto, foi "um dos capítulos mais sombrios da imigração italiana no Espírito Santo”.

♦ O surto da doença coincidiu com a derrubada das matas, quando os insetos baixavam das copas para o chão.

♦ No mês de outubro do ano de 1877, os colonos começaram a ter vítimas e daí em diante a doença foi atingindo índices assustadores, chegando ao seu auge em março de 1878, de modo que no final deste mesmo ano, eram mais de 200 os mortos.

♦ Não houve Família poupada e ninguém na colônia deixou de contrair a febre amarela.

♦ Com a morte do chefe de Família a mulher ou voltava para Itália com os filhos sobreviventes ou casava-se com um viúvo, nas mesmas condições, e quando morria o casal, os órfãos eram distribuídos entre as outras Famílias, e muitas vezes os parentes da Itália requeriam, através do representante consular, o repatriamento dos menores.